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CBG vs. Ritalina: A Nova Esperança Natural para o TDAH?

Atualizado: 25 de mar.

CBG pode auxiliar o tratamento de TDAH evitando efeito rebote
CBG pode auxiliar o tratamento de TDAH evitando efeito rebote.

Se eu te dissesse que um dos compostos mais promissores para auxiliar no TDAH pode estar em uma planta que muita gente ainda associa só a “maconha”, você me chamaria de louco ou visionário?

Pois é... Enquanto o mundo ainda foca no CBD e THC, um cannabinoide menos famoso — o CBG (Cannabigerol) — vem ganhando os holofotes entre pesquisadores que estudam funções cognitivas, foco e regulação da dopamina. E quem convive com o TDAH sabe: dopamina é tudo.


CBG e TDAH: Panorama Científico Atual



CBG cannabinoide para TDAH
Fonte: Google

O Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neuropsiquiátrico comum, caracterizado por desatenção, hiperatividade e impulsividade. Embora os tratamentos padrões (estimulantes como metilfenidato/anfetaminas e não estimulantes como atomoxetina, clonidina e guanfacina) sejam eficazes, nem todos os pacientes respondem bem ou toleram os efeitos colaterais​


Nos últimos anos, tem crescido o interesse no uso de canabinoides como terapêutica alternativa ou adjuvante para TDAH​. Muitos pacientes relatam auto-medicação com cannabis e melhora de diversos sintomas – incluindo atenção, impulsividade, ansiedade e sono – levando a melhor desempenho e qualidade de vida. Em particular, Cannabigerol (CBG), um canabinoide não intoxicante presente em pequenas quantidades na planta, tem sido apontado como potencial agente terapêutico para o TDAH graças às suas propriedades farmacológicas únicas. ¹


Mecanismos de Ação do CBG Relacionados ao TDAH


TDAH é um distúrbio neuropsiquiátrico caracterizado pela desatenção.
Fonte: Intranet

O CBG tem um perfil farmacológico distinto que pode ser relevante para os sintomas do TDAH. Estudos de farmacologia in vitro e em modelos animais mostram que:


  • Agonismo de Receptores Adrenérgicos α2: Calapai et al. (2022)² demonstraram que o CBG é um agonista potente de receptores α2-adrenérgicos​. Esses receptores são alvos de medicamentos como clonidina e guanfacina, usados no TDAH para reduzir hiperatividade/impulsividade e melhorar a função executiva via modulação da liberação de noradrenalina. Assim, o CBG pode imitar efeitos calmantes similares, reduzindo a atividade simpática e a “hiper-excitação” neural. De fato, sugere-se que o CBG possa atenuar estados de hiperestimulação sem causar sedação intensa, o que seria benéfico em transtornos de hiperatividade e hiper-vigilância (como TDAH e transtorno de estresse pós-traumático)​.


  • Antagonismo de Receptores Serotoninérgicos 5-HT1A: O CBG também atua como antagonista moderado do receptor 5-HT1A (um autorreceptor inibitório serotoninérgico)​. Embora o CBD seja um agonista desse receptor (conferindo efeitos ansiolíticos), o CBG em concentrações mais altas bloqueia 5-HT1A. Curiosamente, bloquear parcialmente esses autorreceptores poderia, em teoria, elevar os níveis de serotonina sináptica ao reduzir a retroinibição​. Isso pode contribuir para efeitos antidepressivos e ansiolíticos diferentes dos do CBD​. No contexto do TDAH, a modulação serotoninérgica pode auxiliar na regulação do humor e ansiedade comórbida, embora o impacto direto sobre atenção seja indireto.³


  • Modulação do Sistema Endocanabinoide: CBG possui baixa afinidade pelos receptores canabinoides principais CB1 e CB2​, ou seja, não produz efeitos intoxicantes significativos. Em vez disso, funciona como modulador: inibe a captação celular de anandamida (AEA), endocanabinoide que atua nos CB1/CB2​. Ao aumentar os níveis de endocanabinoides, o CBG pode regular de forma mais suave a neurotransmissão. Vale notar que há evidências de envolvimento do sistema endocanabinoide na fisiopatologia do TDAH – por exemplo, crianças com TDAH apresentaram menor atividade da FAAH (enzima que degrada anandamida) e variantes genéticas dessa enzima têm sido associadas ao transtorno​. Assim, compostos como CBG e CBD, que potenciam o tônus endocanabinoide, podem teoricamente corrigir parte desse desequilíbrio neuroquímico.


  • Outras Ações Pleiotrópicas: O CBG interage com diversos outros alvos: agonista de canais iônicos TRP (envolvidos em dor e inflamação), agonista do receptor nuclear PPARγ (modulando neuroproteção e metabolismo), antagonista de canais TRPM8 (relacionados à dor e inflamação) e bloqueador de canais de sódio voltagem-dependentes​. Embora essas ações ampliem o potencial terapêutico (por exemplo, efeitos anti-inflamatórios, analgésicos e neuroprotetores), seu impacto específico em sintomas nucleares do TDAH (distração, impulsividade) não é claro. Entretanto, efeitos ansiolíticos e de melhora do sono decorrentes dessas ações anti-inflamatórias e de redução de dor podem beneficiar indiretamente pacientes com TDAH, que frequentemente apresentam comorbidades como insônia e ansiedade.


Em resumo, o CBG atua de forma multifatorial: acalmando circuitos noradrenérgicos (via α2), modulando serotonina (via 5-HT1A) e equilibrando o sistema endocanabinoide, sem os efeitos psicoativos clássicos do THC. Essas propriedades fornecem um embasamento para investigá-lo como tratamento do TDAH, uma vez que podem influenciar positivamente foco, impulsividade e agitação, além de aliviar ansiedade. A seguir, examinamos o que os estudos pré-clínicos e clínicos mostram sobre esses potenciais benefícios.


Evidências Científicas sobre CBG no TDAH

Estudos Pré-clínicos (Modelos Animais)


Pesquisas com animais, embora ainda escassas especificamente para TDAH, corroboram os efeitos ansiolíticos e de modulação neuroquímica do CBG:


  • Ansiedade e Hiperatividade: Mendiguren et al. (2023) avaliaram CBG em ratos quanto aos efeitos sobre ansiedade e neurônios ligados à atenção. O CBG reduziu comportamentos de ansiedade nos testes de labirinto em cruz elevado e de alimentação suprimida pela novidade – por exemplo, ratos tratados com CBG (10 mg/kg) tiveram menor “índice de ansiedade” e comeram mais rapidamente em ambiente novo, sinalizando menor ansiedade (efeito bloqueado por antagonista de 5-HT1A, indicando mediação parcial por receptores serotoninérgicos)​. Esses achados sugerem que CBG promove calma sem sedação, potencialmente melhorando a concentração em situações estressantes.


  • Neurofisiologia Noradrenérgica e Serotonérgica: No mesmo estudo, registros eletrofisiológicos em cérebro de ratos mostraram que o CBG interage com os mecanismos de autorregulação: ele reduziu a inibição de neurônios noradrenérgicos do locus coeruleus mediada por agonistas α2 e atuou como antagonista moderado em neurônios serotonérgicos do núcleo dorsal da rafe​. Em termos simples, o CBG impediu a supressão excessiva da atividade neural causada por autorreceptores, o que pode resultar em níveis mais estáveis de neurotransmissores como noradrenalina e serotonina. Essa estabilidade química é importante para mantener o nível de alerta e foco adequado, evitando picos e quedas exagerados.


  • Cognição e Memória: Embora não haja estudos publicados focalizando diretamente o efeito do CBG em modelos animais de TDAH (como ratos espontaneamente hipertensos, frequentemente usados para simular hiperatividade), os efeitos pró-cognitivos do CBG são inferidos de estudos de outros contextos neurológicos. Por exemplo, há relatos de que o CBG pode melhorar neuroplasticidade e sobrevivência neuronal em modelos de doenças neurodegenerativas​. Tais propriedades neuroprotetoras e anti-inflamatórias podem, hipoteticamente, auxiliar na função executiva e memória de trabalho, áreas frequentemente deficitárias no TDAH. Entretanto, essa conexão ainda não foi testada diretamente em laboratório para TDAH.


Em síntese, os estudos em animais apoiam que o CBG tem efeitos ansiolíticos e reguladores de sistemas de neurotransmissão relevantes ao TDAH. Ele parece acalmar a hiperatividade central via α2, modular serotonina e produzir comportamentos compatíveis com menor ansiedade e possivelmente melhor foco. Ainda são necessários estudos animais específicos (por exemplo, avaliar CBG em ratos modelo de TDAH medindo impulsividade e atenção) para confirmar esses benefícios pré-clínicos de forma direta.


Estudos Clínicos e Observacionais em Humanos


A pesquisa clínica envolvendo CBG para TDAH ainda está engatinhando, com poucos dados publicados. No entanto, algumas iniciativas e levantamentos recentes fornecem pistas importantes:


  • Ensaio Clínico em Andamento: Atualmente, há um ensaio clínico de fase 2 recrutando participantes adultos com TDAH para testar os efeitos agudos do CBG puro (80 mg, dose única) versus placebo​. O estudo, conduzido pela Universidade de Arkansas (EUA), mede indicadores de TDAH 45 e 75 minutos após a administração, além de acompanhar efeitos adversos por uma semana​. Embora os resultados ainda não estejam disponíveis (estudo iniciado em 2024), essa iniciativa indica o crescente interesse em obter evidências controladas. Os desfechos avaliados devem esclarecer se o CBG melhora objetivamente atenção, foco e hiperatividade de forma aguda em humanos, e se há segurança no uso breve.


  • Inquérito com Usuários de CBG Predominante: Cuttler et al. (2022) realizaram o primeiro levantamento de usuários de produtos de cannabis ricos em CBG (predominância >50% CBG). Dos 127 participantes, a maioria usava para ansiedade, dor ou insônia, mas uma parcela também relatou uso para melhora de foco e sintomas de TDAH​. No geral, os usuários classificaram a eficácia do CBG como alta, com melhora marcada de condições como ansiedade (78% acharam CBG melhor que medicamentos convencionais) e uma baixa incidência de efeitos adversos​. Embora esse estudo não tenha detalhado resultados específicos para TDAH, ele confirma que pessoas com dificuldade de atenção buscam o CBG e percebem benefícios. Além disso, o CBG apresentou perfil de segurança benigno (44% não relataram efeito colateral nenhum; o mais comum foi boca seca em ~16%)​, o que é animador dada a preocupação com efeitos adversos dos tratamentos tradicionais de TDAH.


  • Ensaio Aberto com Formulação de CBG+CBD (Nano): Uma das evidências mais citadas sobre CBG e TDAH vem de um estudo aberto conduzido por Kaufmann (2021)¹⁰ publicado em revista de medicina integrativa. Nesse estudo, 220 adultos usaram por pelo menos 7 dias uma formulação oral “nano-processada” contendo CBG e CBD numa proporção 3:1 (15 mg/mL de CBG + 5 mg/mL de CBD)​. Os participantes responderam a um questionário sobre sintomas antes e depois do uso. Os resultados específicos para TDAH foram notáveis: 70,8% dos participantes com TDAH reportaram melhora do quadro de forma geral​. Aproximando o foco nos sintomas nucleares, 90,7% dos indivíduos com TDAH perceberam melhora no nível de atenção (nenhum referiu piora)​. Além disso, 63,5% relataram redução da hiperatividade e 62,8% relataram menor impulsividade com o uso do produto CBG/CBD​. Esses ganhos foram estatisticamente significativos e clinicamente relevantes. Curiosamente, os pacientes com TDAH tiveram melhoria de atenção, calma e ansiedade significativamente maior do que usuários do produto que não tinham TDAH​ – sugerindo que o CBG (com CBD) pode ter efeito especialmente pronunciado em pessoas com desregulação atencional/noradrenérgica. Adicionalmente, mais da metade dos usuários com TDAH conseguiram reduzir ou cessar medicamentos convencionais durante o período do teste​. É importante salientar as limitações: não houve grupo placebo e o período de observação foi curto (1 semana), o que restringe conclusões sobre eficácia sustentada. Ainda assim, esses achados fornecem primeiras evidências humanas de que CBG (particularmente combinado ao CBD) pode melhorar foco e regular comportamento hiperativo/impulsivo, com poucos efeitos adversos (nenhum efeito colateral sério foi relatado no estudo)​.


Resumo das evidências em humanos: até o momento, carecemos de ensaios clínicos randomizados concluídos avaliando CBG isolado para TDAH. No entanto, dados iniciais de levantamentos e séries de casos apontam benefícios percebidos – especialmente quando CBG é combinado com outros canabinoides. Usuários relatam melhora de atenção, redução da inquietude e ansiedade com CBG, e alguns conseguem reduzir medicamentos padrão​. Esses achados, ainda que preliminares, estão alinhados com os mecanismos farmacológicos do CBG (promovendo calma e foco). A ciência clínica do CBG em TDAH ainda é incipiente, mas em rápido desenvolvimento; resultados de estudos controlados em andamento (ex.: o trial da Universidade de Arkansas) serão cruciais para confirmar a eficácia, dosagem ideal e segurança desse canabinoide nesse transtorno.


Mas por que ninguém está falando disso?


CBG fitocanabinoide ainda em pesquisa.
Fonte: Herbies Head Shop.

Simples: CBG é raro. Em uma planta de cannabis comum, ele aparece em quantidades mínimas. Mas isso não significa que ele seja menos potente — muito pelo contrário.

Estudos pré-clínicos mostram que o CBG pode ter ação direta sobre receptores adrenérgicos e dopaminérgicos, o que indica um possível efeito pró-concentração e até ansiolítico leve — sem os efeitos sedativos típicos do THC, nem a “apatia emocional” que alguns relatam com o uso excessivo de CBD.


Ainda estamos longe de bater o martelo? Com certeza. Mas se a gente esperasse só o “martelo bater” pra inovar em tratamentos, estaríamos até hoje acreditando que café da manhã é a refeição mais importante do dia (spoiler: não é).


CBG no ringue com as metanfetaminas?

Vamos polemizar? Vamos!

Enquanto os medicamentos tradicionais para TDAH (tipo, ritalina e companhia) agem com força total sobre a dopamina, gerando picos e vales no cérebro, o CBG parece ter um efeito mais regulador, e não compulsório. Não provoca rebote, não gera dependência, e não precisa de autorização especial para ser importado como remédio.

Mas calma lá: não estou dizendo pra trocar seu tratamento de uma hora pra outra. O que eu trago aqui é a provocação para pensarmos em novas vias terapêuticas, mais naturais, seguras e personalizadas.


E se o segredo estiver na sinergia?


Sabe aquela ideia de que “a união faz a força”? Pois é. O CBG, junto com baixas doses de THC, CBD e até THCV, pode ser o combo ideal para modular foco, energia e ansiedade, ajustado à biologia única de cada paciente.

O nome disso? Efeito entourage.

Cada cannabinoide com sua função, regulando o cérebro como uma orquestra. E se formos além? Que tal testar isso com base no seu DNA, sua resposta individual ao tratamento? (Sim, isso já é possível com testes como o EndoDNA, e estamos aplicando na prática clínica!).


Então... o CBG é o “novo queridinho”?

Não. Ele é o possível protagonista de uma revolução silenciosa — uma que não vai ganhar destaque na TV tão cedo, porque não tem lobby bilionário por trás.

Mas nas entrelinhas da ciência e na vivência clínica, o CBG está mostrando a que veio. Pode não ter marketing de cápsula colorida ou nome de medicamento de novela, mas tem potencial, ciência e propósito.


E você? Já ouviu falar do CBG? Já experimentou alguma formulação que use ele? Ou ainda está preso no ciclo das prescrições que tratam sintomas, mas ignoram o corpo como um todo?

Vamos conversar. Sem tabu. Com ciência. E com coragem de testar o novo.



 
 
 

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